Arte como Terapia

 

A arte de desenhar um sorriso

Sorrir também é uma arte

Uma dentista não terá de ser primeiro uma artista? No momento em que esta pergunta se formula na minha cabeça, vem-me à memória a minha própria relação com a arte e a expressão artística ao longo do meu percurso e a forma como continua, ainda hoje, a acompanhar a minha jornada de conhecimento interior. 

Apesar de ter dias bastante cheios - na clínica em formação e com a família - sempre que posso, abro a caixa das aguarelas, pego nos pincéis e a magia acontece. Quando me entrego a esses momentos de pintura, sinto-me livre, leve, sem pressões e consigo colocar no papel, muito do que a minha mente processa. 

No desenho e na pintura encontro um lugar seguro, desde pequena. E se partilho aqui a minha experiência pessoal com a pintura é porque sinto que ela já me salvou várias vezes. Ainda criança pintava nas paredes do corredor de casa e quando tive de ir sozinha para França, para uma cirurgia ao coração que me levou para longe da minha família durante 67 dias, o meu pai pedia que lhe enviasse desenhos e através do meu traço conseguia sentir o que eu sentia. 

 

Ainda hoje, para me preparar para um desafio, é na pintura que me refúgio e por isso, quando oiço que a arte salva não me parece um exagero. A arte como terapia enforma uma necessidade vital de manifestação emocional e é essencial ao bem-estar e saúde integral, para mim, como para muitos dos pacientes a quem recomendo práticas de expressão artística e o apoio de terapeutas especializados.

A arte terapia como valioso caminho terapêutico tem um papel reconhecido por psicoterapeutas de todo o mundo. Através de técnicas de expressão que vão do desenho à música, modelagem, escrita e tantas outras, permite aceder a um imaginário pessoal muito íntimo e rico em detalhe sobre a pessoa que somos, a que pessoa que fomos e as histórias de vida que carregamos connosco.

Nesse contexto, cada criação artística pode ser uma manifestação emocional de um EU autêntico: às vezes ferido, às vezes zangado, às vezes em desequilíbrio. E a sua expressão, permite-nos entrar nesses universos interiores de pensamentos e memórias, mais ou menos conscientes.

E o que é que a arte terapia tem a ver com a medicina dentária integrativa e biológica? Tudo. Porque permite esse contacto com os nossos monstros internos, com feridas mais ou menos profundas e difíceis de curar, com bloqueios e tantos outros desequilíbrios emocionais que se refletem na nossa saúde integral e, claro, na nossa saúde oral. 

Vejo a arte como ferramenta capaz de nos ajudar a levar vidas mais plenas e felizes. O meu encontro com as aguarelas trouxe a leveza que a minha vida precisava e teve um impacto tão profundo no meu bem-estar que, no futuro penso em construir uma clínica de medicinas integrativas onde os pacientes possam criar através das suas emoções. 

 
Anterior
Anterior

As amálgamas foram chumbadas de vez

Próximo
Próximo

Despertares mágicos